* PAZ, HARMONIA e AMOR *

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Sobre a organização do caos


E é quando me sinto entardecer que vem a vontade inerte de escrever. Por dentro latejam rimas soltas, sem direção. Procuro no meio da confusão de sentimentos um papel-teclado para fazer brotar flores onde há caos. E vem reza de anjo torto, vem súplica de diabo querendo virar anjo.
 O que vier eu desentorto, alinho, tento. E tem tentação de dedicatória também. Nunca para mim.O vitrilho-mente divide-se ao meio, metade arco-íris e em metade, cor não há. Repouso sobre lembranças ainda vívidas, relíquias de esperança e fico a contemplar. Se um botão abre-se em flor, é meu coração que acelera. E agora mesmo, na primavera, meus versos pobres saem salpicados da canção das cigarras. É preciso esses instantes onde pairo sobre mim mesma. Tomo em mim um grito rouco, desenho louco se faz. E que Deus abençoe meus dias em que transformo angústia em mel ou dias em cartas, poesias e amor.

Luciana Silveira

sábado, 16 de outubro de 2010

Constatação do óbvio





A vida esvai-se num gotejar de lágrimas sólidas, alcançando em cheio o alvo-coração, já cansado da lida sem prazeres, sem tempo para de ti me refazer, caiadas, pintadas, falsas paredes, em torno ainda desse muro rochoso, coberto de musgos e puro mofo...estou vegetando sem você, meu amódio. E ainda caminho em abismos insondáveis, tento em vão respirar outros ares, escrava que sou de teu corpo-refúgio. O que me rasga a alma, é amor.


Luciana Silveira

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Considerações sobre a certeza



Tua voz retumba em meus tímpanos e deve ser por isso que não ouço mais ninguém. Teu amor é tão livre mas tão meu. Por isso meu poema-coração é teu. Amor, deixe-me só, mas só um pouco. Depois volte aos braços meus que são tão teus. Contando estórias desse mundo louco e embalando-me só mais um pouco. E ainda dê-me indícios do nosso elo sagrado, secreto para nós, consumando e consumindo mais uma vez a certeza...


Luciana Silveira

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Amor solitário





Amo-te
solitário no meu viver!
Não importa se me amas,
se ainda me amas!

Amor
trás sofrimento,
não lamento.
Apenas relembro
para matar a saudade
da minha entrega
sem nada te pedir!

Apenas
sereno a alma,
de dar tudo
que existia em mim!

Paixão,
compreensão!

Que restou:
um corpo com
as marcas do amor
que levarão tempo
para desvanecerem…

O que ficará…
Um amor,
um grande amor,
que se tornou
num amor solitário!

José Manuel Brazão

Sonho desperto






Acho graça esse teu olhar-açoite
A sondar meus sonhos pela noite
Sinto teus olhos a rondar o espaço
De onde me afundo e emerjo
Sereia-fênix, pássaro que sou
Sigo pelas ruas sentindo-me amada
Marcando nossos passos pela estrada
Essa nossa vida incomum e abstinente
E é por isso mais o infinito- ardente
A ausência que dói nas costelas
Em taças bebendo mazelas
O selo da lua iluminando e unindo
Dissipando a treva e o temor
E a caminhada ao final da vida
Transformando em pluma a lida
Em pequenas grandes doses de alegria
Desperta agora, porque antes dormia...
Luciana Silveira














quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Quando partir!




Quando partir,
levarei comigo,
todos os que estão
na minha existência,
gravados
e amados.

Todos os que a consciência
me alerta como amigos
ou inimigos.
Para estes o meu perdão,
a minha compaixão!
Para os outros
a minha consolação
e divina protecção!

Quando partir,
levarei comigo,
as coisas bonitas
que a Vida me deu;
dar amor, ser amado,
usar a gratidão,
ser fiel aos sentimentos,

Quando partir,
levarei comigo
as coisas belas
que a vida me deu…
o Amor,
os meus Filhos
e os meus Netos!

José Manuel Brazão

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Plenitude




Amanhece o dia
Amanheço
Me vejo
Ao te olhar
Contemplo
A vida entorna
Retorna
Tornamo-nos
O ciclo completa-se
Escoa a emoção
Voa
O sentir
Inominável
Somos um
Cada um
Somas

Quando miro teu olhar
A vida acontece plena
Dentro e fora de mim.
Luciana Silveira

domingo, 3 de outubro de 2010

Menino sem idade


Cada dia que passa
sinto a tua presença
cada vez mais
junto de mim,
através da tua alma,
onde recolhes
o menino sem idade,
que enfrenta este Mundo,
como um aprendiz
com a ânsia de descobrir
os mistérios da Vida!

Por isso me chamas
o menino sem idade,
porque percorri
a estrada da Vida
e pouco ou nada sei!

Aprendendo
aqui e ali,
com crianças,
jovens,
novos e velhos,
crentes na vida
com horizontes vastos,
com a tua sabedoria divina (LI)
que me façam reflectir,
corrigir
ou até renovar aquilo
que pensava estar bem
neste menino sem idade!

José Manuel Brazão

Poema baseado "no menino sem idade", que um dia a minha querida Amiga LI (Alice Barros) lembrou-se de me chamar com fundamento.

Considerações sobre quem ama

E porque sempre foi assim não quer isso dizer que sempre será. O que digo hoje pode não ser o mesmo amanhã. A brisa que hoje passeia leve pelos meus cabelos pode voltar no futuro como fúria de vendaval. Carregando consigo pó de minério que um dia brilhou. Não quero prender-me a erros idos em dias tidos como bons. A vida expressa e contida em versos me espalha e desnuda a alma presa ao corpo que acorrenta. E é quando morro que acordo para desejos e anseios. Incontinência arbitrária que atira-me ao longo da tarde. Nessa chama de fogo-fátuo é que me espreguiço e sigo. Nuances de cetim e carmim que brotam de meus lábios. E não adormeço enquanto cada palavra que ouso dizer não couber em minha boca. Ainda bebo cada gota contida nesse cálice. Manhãs inversas, tardes cálidas, noites frias. E longas, insones. Deve ser porque durmo chorando que amanheço poesia. Quem ama entende bem o que digo...

Luciana Silveira

sábado, 2 de outubro de 2010

Lágrima


Quando penso
e penso em ti,
vem a lágrima,
lágrima teimosa,
por seres generosa,
uma pedra preciosa
a decorar o meu coração!

Quando penso
e penso em ti,
vem o sonho duma paixão,
sonhada, mas por viver!

Quando penso
e penso em ti,
vem a lágrima,
lágrima teimosa,
por ver
não estares ao pé de mim!

Apenas sonho
e vem a lágrima…

José Manuel Brazão

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Amigos para sempre!


Amigos,
já não passo
sem vós!

Cada dia
quando acordo,
sorriu
porque vivo
e por ter amigos.

Grande família
Conquistada
- entre Amigos -
que me rodeia,
me conforta;
que me serena,
me dá forças,
acalenta
e me dá amor,
com seus gestos
e seus carinhos!

Que posso pedir mais?

Que Deus
me deixe continuar
o meu caminho,
sempre na companhia
do amor
e das amizades…

José Manuel Brazão